Breve considerações sobre mitos, lendas, fábulas, alegorias e parábolas.


Aquiles e Ájax jogam dados. Detalhe de ânfora ática de figuras negras de Exéquias. Data: -530. Roma, Museu do Vaticano.


Por intermédio da literatura, da poesia e da arte figurada, o que conhecemos como mitologia helênica, chegou até nós. Ou seja, na antiguidade, as expressões artísticas e literárias da Hélade tiveram como pano de fundo o mito (mythos). O que nos possibilitou o contato com algumas vertentes das inúmeras variações dos mitos (mythoi) helênicos. Conforme afirma S.G. Pembroke, em literatura, é conhecido que, os mitos gregos eram sujeitos a constantes modificações e readaptações.

Para o historiador Pierre Grimal, dá-se o nome de mitologia grega o conjunto de relatos fantásticos e de lendas. Que através da literatura e de monumentos representativos, percebemos que esses estavam em uso nas regiões de língua grega entre os séculos IX ou VIII a.C. até o terceiro ou quarto séculos d.C. 

No entanto é necessário diferenciar o mito de outras narrativas, como a lenda, a fábula, a alegoria e a parábola. Pois o mito é totalmente distinto e teria uma conotação diferente, não seria encarado como invenção ou ficção. Dessa forma, para Junito Brandão, a lenda é uma narrativa que tem como base o histórico distorcido, e tem o intuito de ser instrutiva, e é composta para ser lida ou narrada em público; já a fabula é uma pequena narrativa de caráter imaginário que visa transmitir um ensinamento moral; a parábola é um mito que foi intencionalmente elaborado, tem um caráter didático e usa simbolismos para explicar princípios; e a alegoria é uma ficção que representa um outro objeto, se simboliza, por exemplo, uma qualidade através de um ser divino, humano ou animal.

De acordo com Mircea Eliade, mito é o relato de uma história verdadeira, ocorrida nos tempos dos princípios, quando, com a interferência de seres sobrenaturais, uma realidade passou a existir, seja uma realidade total, como o cosmo, ou somente um fragmento de realidade, uma pedra, um monte, um lugar, uma ilha, um espécie animal ou um comportamento humano. Assim, o mito é a narrativa de uma criação, que nos relata de que modo algo que não era, passou a ser.


Bibliografia:


BRANDRÃO, Junito de Souza. Mitologia Grega vol. 1. 25. Ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2013, p. 37. 

PEMBROKE, S. G. Mito. In___: FINLEY, M. I. O Legado da Grécia: uma nova avaliação. Brasília: Universidade de Brasília, 1998, p 345. 

GRIMAL, Pierre. Mitologia Grega. Rio de Janeiro: Coleção L&PM POCKET, 2009, p. 7. 

ELIADE, Mircea. Mito e Realidade. São Paulo: Pespectiva,1972, p. 110.
                                                                                            

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