A páscoa no Século I d.C e seus simbolismos

A páscoa ou pessach em hebraico é uma das mais importantes festas judaicas, que estava fortemente presente na vida do povo de Israel na antiguidade e se propagou até os nossos dias. Repleta de significado, era e é celebrada por judeus e cristãos, e cada uma das duas religiões realizava essa comemoração por motivos distintos e de forma diferenciada.

Assim como as outras festas que aconteciam na Judéia, a Páscoa era uma celebração agrária que estava ligada as fases da natureza, e com o passar do tempo foi associada a um acontecimento histórico, como descreve Bernard Rolland :

“Essas festas parecem ser, no início, celebrações ligadas ao ritmo da natureza: na primavera, os nômades oferecem à divindade os primogênitos do seu rebanho (páscoa) e os camponeses sedentários, as primícias da colheita da cevada (festa dos ázimos); a festa das semanas situa-se no verão, no fim da colheita do trigo e a das Tendas, no outono, no fim da colheita das frutas.”

Para o judaísmo a Páscoa representava a libertação do cativeiro egípcio durante o êxodo, quando os hebreus foram orientados a passar nos umbrais das entradas de suas casas o sangue de um cordeiro ou um bode e dessa forma o “anjo da morte”iria poupar aquela família da última praga que assolou o Egito, a morte dos primogênitos. A partir desse período essa prática de sacrifício passou a ser relembrada, e no seculo I d.C Jerusalém chegava a ter cerca de 180 mil pessoas para a comemoração da Páscoa.

O ritual no período do segundo templo era realizado da seguinte forma: o chefe da família escolhia no dia 10 de Nisan¹ um cordeiro que seria sacrificado no dia 14 de Nisan. O animal era levado para o templo aonde os sacerdotes recolhiam os vasilhames de sangue que eram colocado no altar. Após isso o homem levava o animal para casa para ser consumido no banquete no dia 15 de Nisan, junto com pães não-fermentados, um molho de frutas vermelhas ( haroset) e ervas amargas, contavam a história do êxodo, cantavam salmos e bebiam vinho, essa cerimônia era chamada de seder.

Tudo indica que Jesus teria realizado a ceia de Páscoa no dia 14 de Nisan, antes do dia habitual de se realizar o banquete, porém isso não era tão incomum pois havia grupos religiosos, como os fariseus e os essênios que tinham um calendário diferente. Contudo, é interessante percebe que ele foi crucificado também no dia 14 de Nisan, se estivesse esperado para realizar a cerimônia de Páscoa no dia 15 de Nisan não daria tempo.

Na ceia de Páscoa realizada por Jesus se constituiu o ritual mais praticado pelo cristianismo, a santa ceia, e esta vai conter alguns dos rituais pascais, como o “pão da aflição” e o “vinho da redenção”. Porém Jesus antes de ingerir o pão e o vinho recita palavras diferentes das que eram tradicionais ditas nesse momento da celebração, ele então mostra um novo significado para a Páscoa, ao atribuir o vinho ao seu sangue e o pão a sua carne, e ainda se colocou como o cordeiro pascal. Assim a Páscoa cristã simboliza a redenção dos pecados e a ressurreição de Cristo.

Com isso a Páscoa se perpetuou pois seu valor simbólico ultrapassou os limites do tempo e do espaço. No judaísmo através da Páscoa é relembrado a libertação do povo hebreu, já para o cristianismo representa a base da religião, o sacrifício  de Jesus na cruz.

Referências Bibliográficas:

SAULNIER, Christiane; ROLLAND, Bernard. A Palestina no Tempo de Jesus. São Paulo: Paulinas, 1983.

BRICKER, Charles. Jesus e sua época. Rio de Janeiro: Seleções do Readers Digest, 2007.

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